O FERROVIARISTA D. PEDRO II.
D. Pedro II e toda Família Imperial compareceram à inauguração da Estrada de Ferro do Corcovado,
em 9 de outubro de 1884. Foto: Arq. CEIPN
Na história da monarquia brasileira, a figura de D. Pedro II assume uma posição muito especial. O único nascido na terra, tendo ocupado o trono por três quartos de todo o tempo em que vigeu o regime, D. Pedro II nos legou a imagem de uma pessoa extremamente humana, carismática, entusiasta da ciência e das inovações tecnológicas e, sobretudo, um grande estadista. Soube se cercar de políticos e de profissionais de invejável valor, descobrindo talentos que ilustraram, de uma maneira brilhante e permanente, a nossa cultura. E esta posição se destaca cada vez mais, à medida que vêm à luz, enriquecendo a bibliografia pertinente, as pesquisas sobre o 2º Reinado. Pelo seu estilo de governar e seu gosto pelo que era moderno, tornou-se também um grande ferroviarista. Não foi apenas a sua presença nas inaugurações das estradas de ferro que lhe conferiu aquela virtude. Foi o papel que desempenhou na formulação da política traçada pelo seu governo na implantação das nossas estradas de ferro.
... D. Pedro II quando foi expatriado, nos legou uma malha de pouco mais de 9.000 km, dos quais quase que a quarta parte era do Estado. Usou recursos que não comprometeram, em momento algum, nem as finanças nem o crédito públicos, passando incólume, ao contrário dos nossos vizinhos, pela crise de 1873. A malha que construiu não era a que mais convinha aos interesses nacionais, muito fragmentada e heterogênea. Mas não podia ser melhor, fosse quem fosse o governante, porque tinha sido determinada pela economia que o capitalismo nos impôs. O ferroviarismo de D. Pedro mais se exalta quando comparamos a sua política com a que veio depois. Os republicanos não a mudaram em nada, a não ser na despreocupação com as repercussões no Tesouro. Continuaram com as concessões autorizadas pelo Orçamento do Império, às quais acresceram muitas outras, até a bolha estourou em 1897, à beira de um colapso financeiro de consequências imprevisíveis. Por este motivo, não podemos deixar de ficar tristes, muito tristes, a nos lembrar da exigência ridícula dos republicanos jacobinos, de riscar o seu nome da mais importante ferrovia do país.
Por:Américo Maia Vasconcelos Neto É membro Academia Ferroviária de Letras.
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