sábado, 26 de maio de 2012

Brasil fora dos trilhos – a modal dos lobistas.



Ao longo dos anos, por meio de inúmeras estradas de ferro do Brasil, milhares de passageiros viajaram de trem pelos afastados pontos do território nacional. Na época, viagens longas e desconfortáveis, mas eficientes, seguras e baratas.

Atualmente, em outros países, as ferrovias se apresentam como um modelo rápido, eficaz e econômico para o transporte de pessoas e de diversos tipos de cargas. Em nosso país a falta de investimentos em infraestrutura, como centros de distribuição e logística e linhas ferroviárias, comprometem o crescimento da economia do Estado.
Essa lacuna remonta a anos de descaso e falta de investimentos no Estado. Reflete também, a falta de políticas nacionais para o setor ferroviário. Ficam as questões: por que não investir em modelos mais econômicos de transporte de cargas e passageiros, desenvolver setores estratégicos da economia no Estado e ainda reduzir a pressão sobre as rodovias?
Talvez pelo interesse egoísta, daninho e ganancioso das montadoras de veículos rodoviários, das concessionárias de rodovias, dos fabricantes e distribuidores de combustíveis, das fábricas de pneus e da “cegueira” de alguns políticos aliciados por lobistas.
Para ter uma ideia uma única composição de trem com 1700 metros pode transportar 6 mil toneladas, o que ocuparia 172 bi trens, que somariam 3,5 mil metros de rodovia quando paradas e 26 mil metros em movimento. “Um trem de 50 vagões retira de nossas exauridas estradas um volume de 120 caminhões, elevando a segurança e reduzindo o consumo de diesel em 70%”. (Solange Hette). Ou seja, diminuindo sensivelmente a poluição ambiental e diminuindo as estatísticas de acidentes. Há contestação para isso?
Num país com a extensão territorial do Brasil, com a malha ferroviária que já foi eficiente, porém deixada de lado e não ampliada resolveu-se adotar o rodoviarismo… Aí, pegam-se as ferrovias , privatizam a algumas companhias que sugam o máximo das mesmas, detonando com o patrimônio que é de todos nós.
E as ditas rodovias? Muitas estão privatizadas, por conta da ineficiência do mesmo Estado que adotou a modal rodoviária e por interesse dos lobistas acima citados.


Um absurdo! Porém, já que se adotou essa modal o mínimo que o povo mereceria é as mesmas fossem eficientes, sem cobranças, não todas duplicadas, mas até quadruplicadas, como a BR-101. Feitos os desvios de cidades de portes, como Joinville, Camboriú, Itapema, Florianópolis, Palhoça. Basta um acidente e, são vários, para que uma viagem de Florianópolis a Curitiba (300 Km) leve mais de cinco horas. Frustrante, lamentável, contrassenso, descaso das autoridades há vários anos. Pois esse mesmos elegeram as rodovias como principal via de deslocamento.
E o nosso Paraná? Com a implantação do pedágio, provavelmente enriqueceu muita gente, elegeu, reelegeu governador e mantém o atual de braços cruzados. E o valor, com certeza, dá um lucro astronômico às concessionárias. Por que não discutir esses valores em três lados? Governo, concessionárias e usuários (que são os que arcam com o pesado fardo). Deveria todos os trechos ser duplicados. Digo todos, pois dinheiro há para isso, com certeza.
“E nosso governo estadual diz que está construindo a maior obra da nossa história”: 17 Km de pavimentação da PR-445 em Londrina. Com um custo de 17 milhões de reais. E paradoxalmente gasta 27 milhões na reforma do aeroporto, mas compra um novo avião por 17 milhões para uso do governo.


Com o valor gasto na compra do avião, dava para comprar 3 locomotivas de 4000hp zeradas para a Ferroeste à um custo de US$ 3 milhões cada uma. (fonte do preço locomotiva: http://www.istoedinheiro.com.br).
Maquinista Clodoaldo.

Pena que a oposição é “míope” e a situação conivente. Lamentável.

Por: Dagoberto Waydzik http://www.hojecentrosul.com.br

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Maquinistas, Reencontro histórico para ficar na história!

Reencontro histórico!


Na última viagem na Estrada de Ferro Perus Pirapora, tivemos a grata surpresa de recebermos esses dois senhores da foto acima. A esquerda senhor Joaquim dos Santos, e a direita senhor Antônio de Castro, com 86 anos cada um. Ambos foram maquinistas no, acreditem, Tramway da Cantareira! E para que a história fique melhor, os dois operaram maquinas da bitola de 60 cm, e da métrica. Interessante é que, quando um deixava a locomotiva, o outro assumia a mesma. Na bitolinha, trabalharam na maquina #14, e na métrica na maquina #501. Começaram como limpadores, passaram a acendedores, se interessaram em seguir carreira na maquina, passaram a foguistas e depois maquinistas! Ufa, dura pena para alcançar o cargo mais desejado na ferrovia! Quando o TC fechou, foram transferidos para a escala de Barra Funda, onde sr Joaquim ficou, e sr Antônio pediu transferência na baixada, para a linha de Santos a Juquiá. Mesmo depois de aposentado, trabalhou por 1 ano no Iraque, com maquina a vapor, e retornou. O sr Joaquim, depois que se aposentou, foi trabalhar na Cia Docas de Santos, também como maquinista de vapor. Pararam por ai, e hoje, mais de 30 anos depois, foi emocionante vê-los olhando para a locomotiva acesa com um brilho de criança nos olhos.

Eu não resisti, e ofereci a cada um deles a oportunidade de dar uma "voltinha" com a maquina dentro do pátio. Vejam só a honra que eu tive! Incrível foi ver esses dois veteranos fazendo aquilo que eles melhor fazem na vida, e aquilo que foi, literalmente, a vida deles. A mão dos dois esta ótima ainda! E o sr Antônio não segurou algumas lágrimas quando apitava a locomotiva!

Na foto acima, uma pose dos maquinistas em frente a locomotiva número #17, ex Tramway da Cantareira número #2.

Como é a paixão pela profissão de maquinista, os dois carregam em suas carteiras, impecavelmente, suas fotos com trajes de maquinistas batida na época da EFS, como vemos abaixo o sr Antônio.




E as surpresas não pararam. O sr Joaquim trouxe com ele uma de suas relíquias, uma foto que ele guarda desde 1953, batida na linha do girador de Guarulhos, em cima de "sua" locomotiva, a #501. Vejam ele (a direita) e seu foguista na época, um outro Joaquim, mas este Joaquim da Silva Bueno (a direita da foto). Refotografei na hora!


Pois é. A conversa foi longa, filmamos uma parte dela que ainda pretendo editar e colocar no youtube. Vivenciar parte da história de alguém, e, melhor, conhecer a "história viva" não tem preço. A conversa foi longa, impossível descrever tudo em uma postagem de blog. Mas fica o registro, onde posso afirmar que eu conheci dois maquinistas do TC da época da bitolinha, e, detalhe, os dois últimos que estão vivos ainda! Muito obrigado pela visita de vcs!! Abaixo, eu no meio dessas lendas, babando!


Postado por: Leandro Guidini










segunda-feira, 7 de maio de 2012

Ferrovias no Brasil!

Hoje falarei um pouco das ferrovias no país. Não sobre as operações em si, mas um pouco do funcionamento político econômico e social.



     Vou tentar abranger os principais pontos que cercam o nosso atraso e descaso, porém, como este é um assunto que envolve muitas paixões e sobretudo interesses econômicos estratosféricos, tentarei não jogar tanta coisa no ventilador. 

     Bom, nosso problema começa inclusive na origem das ferrovias.. Em vários pontos do país, o trajeto ferroviário é muito maior do que realmente precisaria ser. O governo brasileiro pagava ao setor privado para ajudar no desenvolvimento da malha ferroviária. E o pagamento era feito por km construído. Então, em algumas regiões foram feitos "zig zags" para se obter uma quilometragem maior. 



    De qualquer forma, esta feita não impediu que o Brasil se desenvolvesse e chegamos a ter aproximadamente 40.000km de linha férrea! Os anos se passaram e aconteceu aquilo tudo que já sabemos, a prioridade das rodovias e o próprio sucateamento e inchaço da RFFSA. Tocar neste assunto é muito delicado, pois a RFFSA foi o grande orgulho do país! Ela fazia o Brasil andar e tinha profissionais de gabarito e com amor pela empresa. O país tinha vários ramais que apresentavam um grande prejuízo e outros que davam lucro. A balança final era um déficit enorme e sem recursos para investimentos. A melhor saída: privatizar!

     Aí veio o outro grande erro: O modelo de privatização aplicado! Sabemos que empresas vivem e precisam de lucro. Então, deveria ter sido feito um edital, que exigisse a manutenção dos trechos deficitários e dos trens de passageiros, porém dando a possibilidade de lucro para as concessionárias de carga. Embora apresentem prejuízos, estes ramais são de grande importância social e de distribuição de renda para várias localidades.



    As concessionárias pagam verdadeiras fortunas ao governo federal e possuem a obrigação de manter toda a malha sobre sua concessão. Não o fazem e as linhas são sucateadas, roubadas, ... Ora, se não era viável para o governo, porque seria para uma empresa privada?! Aí que está o "x" da questão! Não se faz porque não vale a pena. Agora, como que o governo empresta bilhões as concessionárias a juros quase zero sem cobrar o cumprimento de contrato. E porque não intervir nos contratos e colocar como desconto no valor da concessão a implantação/recuperação dos trens de passageiros/turísticos? As concessionárias pagam verdadeiras fortunas e um subsídio deste não teria reflexo algum nos cofres federais e com certeza alavancariam diversas economias locais! 



    É claro que aí cabe uma outra reflexão. Existem vários trechos que não são viáveis turisticamente e com a estrutura viária que existem atualmente, não caberia uma reimplantação ferroviária. Em cada trecho deveria ser feito um estudo do que é melhor país, pensando macro e micro, caso a caso. Há muitos que vivem a saudade do passado, que é muito boa e triste se pensarmos aonde estamos, mas temos que ser realistas.

    Trazendo para o lado dos trens de passageiros/turísticos, reforço na tecla do subsídio. Em qualquer lugar do mundo o trem de passageiros é subsidiado pelo governo ou pela carga (contrapartida). Aqui no Brasil, além de não termos os subsídios, temos que pagar valores exorbitantes e sofrer imposições das das concessionárias de cargas. Para vocês terem uma ideia, no trem da serra do mar no Paraná, a Serra Verde Express paga por mês mais de R$100 mil ao Governo Federal e 39% da tarifa para a ALL. No trem do pantanal, a empresa paga a ALL pouco mais de R$ 16mil por final de semana! Aí entra o ciclo... Este valor incide sobre a tarifa e reduz o número de pessoas que tem condição de viajar. E ainda levanta o questionamento quanto ao valor cobrado... Citei estes modelos, mas situações semelhantes cortam o país e novos trechos não surgiram face ao "pedágio" cobrado. Ninguém quer operar de graça, mas tem que ser algo viável a todos. Se prejudica a carga, bonifica o valor cobrado deles também.

     Outro fator que dificulta o surgimento de novos passeios é a dificuldade de se obter material rodante. Locomotivas a diesel não existem... e os vagões da rede estão sucateando em pátios do governo. Aliás, não só do governo, mas algumas ongs herdaram um bom material e não fazem uso. Não se faz nada e não se possibilita fazer. Não há negociação, não há venda, aluguel, ... Uma pena que alguns se acham donos do material ferroviário e guardam para si. Comprar novos não pagaria nunca a conta.



     Hoje temos 32 trens turísticos em operação no país e 50 novos pedidos na ANTT. Uma pena que muitos não investem em melhorias e promoção. Alguns grupos distorcem o "sem fins lucrativos" com desenvolvimento, e acabam parando no tempo. Aí pergunto, quantos brasileiros sabem da existência destes trens? Quão eficiente, atrativo e seguro eles são?  Sobre a segurança, até aonde eu tenho conhecimento, a ANTT é bem rigorosa e só libera a circulação após verificar os quesitos mínimos. Os outros pontos prefiro não comentar. Tem que ser visto caso a caso...

     E o trem bala? Os políticos brasileiro deveriam ter vergonha deste assunto. Primeiro que a cada anúncio aumenta o valor da obra! Será que aumenta o número de representantes na partilha ou há uma incompetência na formulação do projeto? Ou os 2?! Porque alguns países desistiram de participar do edital? Estranho... No pouco conhecimento ferroviário que tenho, sou contra o trem bala Rio x SP! Defendo o trem de média velocidade. Um trem de média velocidade (+ - 150km/h) custaria 30x menos e levaria um tempo compatível a uma necessidade de transporte seguramente.



     Bom, eu poderia escrever um livro enorme explicando todas estas situações. Apesar do nosso atraso em lidar com assuntos estratégicos ao país quando envolve muito dinheiro, há luz no fim do túnel! O número de passageiros aumenta dia a dia. Associações sérias como a ABOTTC (Associação Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos e Culturais) tem ganhado seu espaço, comunidades como a http://www.amantesdaferrovia.com.br/ cada dia tem mais adeptos e o interesse do brasileiro referente ao assunto realmente tem crescido. Enfim, estou a disposição para discorrer sobre algum item específico...

     Abraços ferroviários!

terça-feira, 1 de maio de 2012

Ser FERROVIÁRIO, paixão ou profissão?

Foi assim que tudo começou:

"Hoje dignâo-se Vossas Majestades de vir correr a locomotiva veloz, cujo sibylo agudo echoará na mata do Brazil prosperidade e civilizaçâo, e marcará sem dúvida uma nova éra no paiz. Seja-me permittido, Imperial Senhor, exprimir nesta occasião solemne um dos mais ardentes anhelos do meu coração: esta estrada de ferro, que se abre hoje ao transito público, é apenas o primeiro passo na realização de um pensamento grandioso..."

*Disse o Barão de Mauá quando da inauguração da primeira ferrovia do Brasil, em 30 de abril de 1854. 
O Dia do Ferroviário que hoje comemoramos, tem motivos de sobra para nos orgulharmos do passado e ousarmos no presente.
Abandonadas num passado recente, as estradas de ferro subsistiram através da obstinação, do esforço e da dedicação dos ferroviários apaixonados pela ferrovia.
Há 158 anos que o Ferroviário é antes de tudo um Forte.
Publicado  pela Associação de Engenheiros Ferroviários
Elysio Lugarinho Netto

A atividade ferroviária tem sido fundamental para o desenvolvimento econômico e estrutural de diversas regiões do país e do mundo. Seja no transporte de cargas ou passageiros, as ferrovias têm, até hoje, destaque como forma segura e de melhor custo/benefício em relação a outros modais.

Foto: Amanda Lopes Simplesmente lindo, da nossa compa e amiga Amanda.

Quando se fala em ferroviários, fala-se de peças importantes na história desse modal. A atividade ferroviária exige comprometimento, aperfeiçoamento e vocação. Mas, quem entra neste setor permanece por um bom tempo e a paixão por ser ferroviário atravessa gerações.

Fragmentos do jornal:  http://www.notisul.com.br edição do dia 30/04/2012.