quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Limalha no Sangue.

Limalha no Sangue.

Clodoaldo de Oliveira sustentava um grande sonho, ser maquinista, os 40 anos, ele pode sentir-se realizado, pois faz 15 anos que trabalha com aquilo que ama, ferrovias.

Foto arquivo pessoal.

Ele é morador de Ribeirão Pires (SP), é pai de três filhos. Quando criança morava próximo ao terminal de combustíveis de Araucária (PR). Ele conta que sempre ficava olhando os trens passarem pela linha e dizia para si mesmo: “um dia vou dirigir um bichão deste”. Arteiro, ele entrava no pátio para pegar carona nos trens que manobravam: “mas não aconselho nenhum piá a fazer isso”.

Curvona do km 297 próximo a Estação de Rosaldo Leitão (PR). Foto Daniel K. Trevisan

A oportunidade de entrar na ferrovia surgiu em 1997, quando a Superintendência regional 5 (SR5), da antiga R.F.F.S.A, foi privatizada e arrendada pela Ferrovia Sul Atlântico, atual All. A All abriu vagas para maquinista, e Clodoaldo começou como manobrador. Após seis meses, passou a auxiliar de maquinista, fazendo os trechos de Iguaçu-Curitiba à Uvaranas-Ponta Grossa, Rio Branco do Sul, Morretes e Rio Negro (SC).

Trem Ferrovia Sul Atlântico. Foto http://ferreomodelismocubatao.blogspot.com.br

Da All Clodoaldo passou para a MRS, e hoje exerce uma das funções mais complexas, que é conduzir o trem de minério de ferro na serra cremalheira, operando locomotivas elétricas Hitachi, a serem em breve substituídas pelas locomotivas Stadler. Todos os dias ele percorre várias vezes os 8 km da forte rampa (a 10% de inclinação), descendo de Paranapiacaba – Santo Andre (SP), à Raiz da Serra – Cubatão (SP), em um percurso de 26 minutos, com velocidade média de 22 km/h; e voltando.

Locomotivas Stadler (Foto maquinista DuDu) e Hitachi(Foto Ênio Gomes da Silva) Futuro e Passado lado a lado.

Em relação a sua escala, ele diz que hoje tudo é mais fácil. Ele trabalha em horário fixo e consegue estar em casa todos os dias, ajudando a esposa e acompanhando os filhos na escola, saindo para brincar e passear, bem diferente de quando viajava para fora da sede e ficava até cinco dias fora de casa em pernoites da empresa.

Foto arquivo pessoal

“É um trabalho duro, ao contrário do que muita gente deve pensar. Passar oito horas ou mais dentro de uma cabine de locomotiva quente e barulhenta não é fácil. Mais mesmo assim inexplicavelmente gosto muito de tudo isso. Deve ser a limalha nos sangue”.

Abraço as compas!!!
Maquinista Clodoaldo

Fonte: http://revistaferroviaria.com.br/ edição de out/nov de 2012