Por: O vigilante Vladimir Cavalcante Sibilio
O senhor de cabelos brancos adentra a sala com a fotografia de um trem estampada na camisa. Em seguida, um homem de meia-idade chega com uma pilha de fotos de locomotivas debaixo do braço. Um terceiro carrega com cuidado sua estrada de ferro feita artesanalmente. É sábado, e o sol está a pino. Cerca de 30 pessoas se reúnem na desativada Estação Barão de Mauá (a popular Leopoldina), no Rio de Janeiro, para, entre um cafezinho e outro, reviver os tempos em que os trens cruzavam o Brasil.
Plantados em frente a uma maquete que beira os cinco metros de comprimento, cada membro da Associação de Ferreomodelismo da cidade bota seu trenzinho elétrico para rodar. Enquanto os vagões em miniatura percorrem o trajeto, seus donos conversam de tudo um pouco. E, invariavelmente, o papo volta para o assunto preferido deles: ferrovias.
Nascido em Madureira, Zona Norte do Rio, Fernando Navarro Guater, de 60 anos, cresceu com a maria-fumaça na cabeça. O trem, que passava nos fundos de sua casa, apitava avisando a hora de sua mamadeira. Fernando nunca trabalhou em ferrovias. Mas é uma enciclopédia viva sobre o assunto. Presidente da associação, foi ele quem construiu a enorme maquete que semanalmente faz a alegria de jovens, adultos e idosos. “Desde pequeno era apaixonado por trens. Aos 14 anos, eu já fazia coleção”, conta.
Filho de jornaleiro, ele assumiu a banca do pai em 1984, quando começou a praticar o ferreomodelismo. Em meio aos jornais e revistas que vendia em frente à Central do Brasil, Fernando passou a confeccionar pequenas estradas de ferro, enquanto devorava as publicações sobre o tema. Aquilo foi chamando a atenção dos clientes, e quando se deu conta, um grupo de aficionados já se reunia toda sexta-feira para “brincar” em suas maquetes. Criou a associação em 1996, mas somente com a virada do século, quando se aposentou, levou toda aquela produção para a Barão de Mauá. Todo mundo foi atrás.
“Temos quase 100 sócios, e todo sábado vem uma média de 60 pessoas praticar o ferreomodelismo”, afirma. São médicos, militares, engenheiros, empresários. Gente como o comerciante Antônio dos Anjos Barbosa, de 65 anos. Sua única relação com os trilhos é como passageiro. Ele passou 30 anos pegando a composição em Bento Ribeiro, bairro da Zona Norte do Rio, e seguindo até o Centro, onde trabalhava.
“Sou o sócio número oito”, avisa, orgulhoso. “Isso aqui é um hobby. A gente conversa muito, fica mais ligado no que está acontecendo com as ferrovias”, explica, desatando a falar sobre a malha ferroviária brasileira: “Tenho todos os livros sobre isso”.
Mas o ferreomodelismo não é um hobby restrito a poucos. Espalhadas pelo Brasil, as associações estão nos mais remotos municípios e abrangem as mais variadas idades. Com 38 anos, o vigilante Vladimir Cavalcante Sibilio também não perde um sábado na Barão de Mauá. Usuário dos trens metropolitanos, volta e meia ele deixa as miniaturas de lado para embarcar com a turma nas rotas turísticas que restaram pelo Brasil. “Nunca andei tanto de trem”, diz com um sorriso largo e uma certeza que é comum a todos os ferreomodelistas: “Aqui, pelo menos, as ferrovias não morrem tão cedo”.
Plantados em frente a uma maquete que beira os cinco metros de comprimento, cada membro da Associação de Ferreomodelismo da cidade bota seu trenzinho elétrico para rodar. Enquanto os vagões em miniatura percorrem o trajeto, seus donos conversam de tudo um pouco. E, invariavelmente, o papo volta para o assunto preferido deles: ferrovias.
Nascido em Madureira, Zona Norte do Rio, Fernando Navarro Guater, de 60 anos, cresceu com a maria-fumaça na cabeça. O trem, que passava nos fundos de sua casa, apitava avisando a hora de sua mamadeira. Fernando nunca trabalhou em ferrovias. Mas é uma enciclopédia viva sobre o assunto. Presidente da associação, foi ele quem construiu a enorme maquete que semanalmente faz a alegria de jovens, adultos e idosos. “Desde pequeno era apaixonado por trens. Aos 14 anos, eu já fazia coleção”, conta.
Filho de jornaleiro, ele assumiu a banca do pai em 1984, quando começou a praticar o ferreomodelismo. Em meio aos jornais e revistas que vendia em frente à Central do Brasil, Fernando passou a confeccionar pequenas estradas de ferro, enquanto devorava as publicações sobre o tema. Aquilo foi chamando a atenção dos clientes, e quando se deu conta, um grupo de aficionados já se reunia toda sexta-feira para “brincar” em suas maquetes. Criou a associação em 1996, mas somente com a virada do século, quando se aposentou, levou toda aquela produção para a Barão de Mauá. Todo mundo foi atrás.
“Temos quase 100 sócios, e todo sábado vem uma média de 60 pessoas praticar o ferreomodelismo”, afirma. São médicos, militares, engenheiros, empresários. Gente como o comerciante Antônio dos Anjos Barbosa, de 65 anos. Sua única relação com os trilhos é como passageiro. Ele passou 30 anos pegando a composição em Bento Ribeiro, bairro da Zona Norte do Rio, e seguindo até o Centro, onde trabalhava.
“Sou o sócio número oito”, avisa, orgulhoso. “Isso aqui é um hobby. A gente conversa muito, fica mais ligado no que está acontecendo com as ferrovias”, explica, desatando a falar sobre a malha ferroviária brasileira: “Tenho todos os livros sobre isso”.
Mas o ferreomodelismo não é um hobby restrito a poucos. Espalhadas pelo Brasil, as associações estão nos mais remotos municípios e abrangem as mais variadas idades. Com 38 anos, o vigilante Vladimir Cavalcante Sibilio também não perde um sábado na Barão de Mauá. Usuário dos trens metropolitanos, volta e meia ele deixa as miniaturas de lado para embarcar com a turma nas rotas turísticas que restaram pelo Brasil. “Nunca andei tanto de trem”, diz com um sorriso largo e uma certeza que é comum a todos os ferreomodelistas: “Aqui, pelo menos, as ferrovias não morrem tão cedo”.
A malha ferroviária brasileira não é mais a mesma. Mas para os praticantes do ferreomodelismo, o tempo da maria-fumaça continua vivo.
Por: Bernardo Camara
Prezado Clodoaldo;
ResponderExcluiré vc que deu uma entrevista na CBN? Neste sábado?
Jair sim fui eu o entrevistado da Cbn.
ResponderExcluirObrigado pela visita!
Imagem do artigo: Locomotiva Sharp & Stewart n.15 e Carro Imperial / D. Pedro II - Ferrovia São Paulo Railway - Modelo e maquete construidos por Renato Gigliotti/Santo André-SP ( MPh )
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