Depoimentos*
“Dizem que a companhia dava prejuízo, dava prejuízo nada! Tinha um movimento tremendo. (...) Aquele tempo carregava 30, 40, às vezes até 50 vagões. Botavam, colocavam duas máquinas. Na Paulista tinha a antiga locomotiva Russa, Russona. Quando a gente estava trabalhando e ouvia o apito, já sabia que era ela que vinha vindo. Era bom. Hoje não, a gente olha para aquele tempo dá vontade de chorar, puxa vida. E era um movimento danado, tantos funcionários trabalhando de dia, de tarde, de noite, madrugada, era aquele movimento de trem!
”(Nicola Gonçalves)
“A disciplina ali era rigorosa. O conferente era obrigado a usar gravata. A camisa era rasgada, mas colocava gravata. O que era disciplina? Eram deveres, não existia direito, eram deveres. Teve uma vez uma inspeção que veio da Alemanha - eles fizeram uma inspeção aí na Paulista - depois deram o resultado. Segundo conhecimento que a gente teve, eles concluíram dizendo que a Paulista não era uma empresa, assim, de patrão e empregado. Parecia que tudo ali era dono. Porque o zelo, o carinho, o amor pela ferrovia era tudo. Eles tinham orgulho de trabalhar na Paulista.
”(Arcôncio Pereira)
“Quando eu via um trem passar era mesma coisa que tivesse vendo a Lua brilhar no céu. Eu achava a coisa mais linda, tinha aquela paixão. Eu gostava de pertencer àquilo ali, me sentia feliz, feliz mesmo. Eu, bem dizer, era uma criança de 14 anos. E acabei de me criar ali dentro da ferrovia. (...) Nessa caminhada de 30 anos que eu fiquei na Paulista, embora tivessem algumas coisinhas mínimas, prós e contras, eu fui muito feliz, trabalhei muito feliz, contente. Se eu tivesse de começar tudo de novo e falassem pra mim: ‘Você quer ser telegra-fista?‘ Com certeza eu ia falar que sim (...)
“Quando eu via um trem passar era mesma coisa que tivesse vendo a Lua brilhar no céu. Eu achava a coisa mais linda, tinha aquela paixão. Eu gostava de pertencer àquilo ali, me sentia feliz, feliz mesmo. Eu, bem dizer, era uma criança de 14 anos. E acabei de me criar ali dentro da ferrovia. (...) Nessa caminhada de 30 anos que eu fiquei na Paulista, embora tivessem algumas coisinhas mínimas, prós e contras, eu fui muito feliz, trabalhei muito feliz, contente. Se eu tivesse de começar tudo de novo e falassem pra mim: ‘Você quer ser telegra-fista?‘ Com certeza eu ia falar que sim (...)
” (Maria Aparecida Leoni)
“Ferroviário era muito brincalhão. E tinha muita coisa engraçada que acontecia na ferrovia. (...) Bem, antigamente, pouca gente tinha ingresso às escolas (...), então aconteceu o caso aí, de que foram despachar um porco, né, duma estação para a outra num engradado. E quem despachou tinha um pouco de escola e despachou ‘um suíno’. Então, quando chegou no destino, foram descarregar e leram na fatura: ‘Um engradado com um suíno’. Procuraram o suíno, não acharam o suíno. E deram como sobra um porco... Porque não tinha guia que pedisse porco. Pedia suíno.
“Ferroviário era muito brincalhão. E tinha muita coisa engraçada que acontecia na ferrovia. (...) Bem, antigamente, pouca gente tinha ingresso às escolas (...), então aconteceu o caso aí, de que foram despachar um porco, né, duma estação para a outra num engradado. E quem despachou tinha um pouco de escola e despachou ‘um suíno’. Então, quando chegou no destino, foram descarregar e leram na fatura: ‘Um engradado com um suíno’. Procuraram o suíno, não acharam o suíno. E deram como sobra um porco... Porque não tinha guia que pedisse porco. Pedia suíno.
” (Décio Pedro Voltolin)
* Trechos do livro “Trabalho e sentimento: histórias de vida de ferroviários da Companhia Paulista/Fepasa”.
* Trechos do livro “Trabalho e sentimento: histórias de vida de ferroviários da Companhia Paulista/Fepasa”.
Já é hora do país retomar o transporte ferroviário. Seguro, barato e eficiênte! Belo trabalho! (Mazzini Caon)
ResponderExcluirTrabalho sem sentimento,não é trabalho:e obrigação rotineira.Os ferroviários sempre trazem na alma o dom do amor ao que fazem.Glaucio Elias
ResponderExcluirUm belo trabalho.
ResponderExcluirQuando criança, em Curitiba, adorava ver os trens e conversar com ferroviários, amigos do meu pai. Eram os caras mais sábios que eu conhecia.
Em Cascavel, onde meu pai foi trabalhar para a Prefeitura, não havia ferroviários. Pouca sabedoria, portanto!
Agora, é de Cascavel que vão partir dois fios de sabedoria: ramais ferroviários a Foz e Guaíra.
Quando eu era criança, meu avô era chefe de estação, meu pai, mecânico na oficina dos trens e meu tio, maquinista. Cresci no meio ferroviário, chorei muito, quando tiraram a linha de frente da casa do avô, após desativarem-na. Adorava andar na WILLYS RURAL COM RODA DE AÇO, corria pra janela na casa do avô quando escutava o apito, quando escutava aquele "tadac-tadac-tadac-tadac" nos trilhos. Se eu não conseguisse vaga no Corpo de Bombeiros, com certeza agora, seria mais um ferroviário, maquinista, pois tentaria o concurso da ALL que houve 2 meses após eu incluir no CBMSC. Tenho saudades dos velhos tempos de brincar de esconde esconde no ferro velho de trem que havia próximo à minha casa, na Vila Ferroviária, bairro Oficinas em Ponta Grossa - PR.
ResponderExcluirEnfim, dizem que dava mais custos, mas, o que é que causa mais acidentes??? RODOVIAS!!! PENSEM NISSO!!! FERROVIAS JÁ!
Como é o processo para se tornar um ferroviário?Me chamo Jonas tenho 16 anos e tenho uma vontade gradiosa de ser maquinista, se vc sabe me envia por favor!
ResponderExcluirDesde já muito Obrigado!
Meu e mail é jdsr200@hotmail.com