domingo, 28 de agosto de 2011

A história da chegada dos trilhos em Passo Fundo.


Foto de Edinho C. Kunzler  http://www.flickr.com/photos/ekunzler/
Viaduto da Ferrovia do Trigo, que liga Passo Fundo a Roca Sales, no Rio Grande do Sul. Foi concluído em 1978, pelo Batalhão do Exército. Na época era o segundo mais alto do mundo. Hoje não tem mais este posto, mas ainda é o viaduto ferroviário que detém o recorde mundial de maior pilar de concreto, com 140 metros de altura. O viaduto tem altura máxima de 143 metros e 509 metros de comprimento.

A introdução das ferrovias no Brasil movimentou capitais e estabeleceu formas de contratos em que as garantias de juros sobre o capital investido na construção, o direito de exploração da faixa de terras contíguas ao longo da linha férrea, o direito de exploração comercial e a subvenção quilométrica deram o significado e o sentido histórico de sua construção.
       
 A estrada de ferro de Passo Fundo foi inaugurada em 1898. A chegada da ferrovia deu um novo impulso à região norte do Rio Grande do Sul, que estava ainda bastante isolada do restante do estado e que, com a linha de trem, se conecta com mais facilidade e agilidade também com o restante do país. Porém, nos primeiros tempos ela foi deficitária; ocorriam inúmeros acidentes e reparos constantes contribuíam para aumentar os prejuízos.

 A ferrovia foi construída tendo vários objetivos, entre eles destacam-se a integração do Sul ao Centro do país, e a promoção da colonização do território da região Sul. No início o movimento na estação de Passo Fundo era tão pequeno, que entre os vagões que partiam uma vez por semana para Cruz Alta, só havia um para passageiros, e ainda assim este era dividido para abrigar a primeira e segunda classes. A partir de 1909 a viagem passa a ser diária.

 Muitos fatos marcaram a história da ferrovia, como greves dos operários da Viação Férrea. Em 1917, onde houve confrontos com as forças militares, quando os trabalhadores reivindicavam seus direitos. Além da questão trabalhista, outros problemas foram enfrentados, como os altos preços das tarifas, a falta de trens e a diversidade de acionários da rede ferroviária.

 A cidade de Passo Fundo e as localidades por onde passava o trem, cresciam e se expandiam, pois muitos colonos que viviam na Colônia Velha foram para outras cidades em busca de uma vida melhor. A ferrovia que ligava Passo Fundo a Marcelino Ramos, foi um elo entre vários estados como se fosse uma espinha dorsal de ligação, trazendo muitos benefícios para o norte do Rio Grande do Sul.
 A estação férrea trouxe muitos benefícios para a população e para a cidade de Passo Fundo, mas trouxe também desencantos e controvérsias. Muitas pessoas enriqueceram com a linha férrea, mas outras só trabalharam e pouco ganharam. Houve muitas greves por parte dos ferroviários, reivindicando seus direitos, o que foi um dos motivos de sua decadência. A ferrovia, que ligou Passo Fundo ao restante do Brasil, entrou em decadência, deixando de transportar passageiros no início dos anos 80. O declínio da ferrovia está ligado ao processo mais amplo da opção por uma política rodoviarista no Brasil. As ferrovias tiveram grande impacto na vida das pessoas e da própria cidade, em especial, a decadência da linha férrea no município contribuiu para o agravamento de vários problemas, como desemprego, desestruturação familiar, violência, diminuição da qualidade de vida.


Em 1997 a ALL (América Latina Logística) assumiu a concessão da linha e atualmente a retomada da ferrovia passa pela proposta de criação de uma empresa pública a #Ferrosul, pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, visando construir e gerenciar uma nova linha férrea, que pode novamente inserir Passo Fundo na rede logística que corta o sul do país.

Lucélia da Rosa e Fernanda Motta
Acadêmicas do Curso de História da UPF
Fonte: Acervo AHR


Um comentário:

  1. Já passa da hora dos brasileiros se unirem para reconstruir suas ferrovias, com equipamentos e gestão moderna.

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