Onde foi parar a magia e encanto do trem de ferro, que há séculos transportou progresso no interior de nosso país? A grande rede ferroviária que cortava o Brasil, com suas estradas de trilhos férreos está abandonada, toda magia que encantou nossos ascendentes foi sumariamente arrancada do meio de nossa gente. Hoje existe somente na imaginação de quem viveu em épocas áureas, cujo trem, já fora sinônimo de desbravamento.
Foto: Blog http://paoliumaaprendiz.blogspot.com.br
Não existiam barreiras para a estrada férrea. Cidades, lugarejos perdidos, povoados isolados… nada impedia que por lá o trem fosse recebido. Margeando rios, contornando montanhas, atravessando planícies; o caminho ideal para o carro sobre trilhos, movido à custa de brasas incandescentes, donde a energia aflorava com vigor e fúria, o trem fez de toda uma população, não somente um meio de transporte, mas, a própria razão do existir.
É incrível o encanto, a saudade e a memória que verificamos quando encontramos perdida entre matas, beiral de rios, cidadelas minúsculas, áreas rurais, locais longínquos, uma luz, que outrora, deu vida e esperança a estes lugarejos, tudo graças à passagem deslumbrante de uma ferrovia, sobre a qual, charangas desengonçadas deslizavam, com suavidade e elegância distintas. Deixando outra estrada, desta vez esfumaçada pelo ar, como amostra de sua passagem encantadora.
Enorme é a quantidade de vilas, as quais, hoje são cidades prósperas e futuristas, nasceram aos arredores de estações ferroviárias dos quatro cantos deste país. Quantos nascimentos, namoros, casamentos e filhos são oriundos da influência que o trem a vapor proporcionou no passado? Olhe para uma estrada de ferro abandonada e observe o que é o passado, pois, estas, persistem contra o tempo. Um tempo distante à nossa realidade, mas, nem por isso, afastado de nós.
O que temos hoje é a saudade. Uma saudade que parte o coração, que coroe nossas lembranças. Perguntamo-nos o porquê de tudo ter sido abandonado e, nem mesmo locomotivas a diesel ou a energia elétrica merecem uma chance? Que as autovias tomaram o lugar das ferrovias, não há dúvidas, mas, será que ambas não poderiam conviver em harmonia?
Nem para fins de carga pesada há espaço para eles, os trens? Seria um sacrifício retomá-los para desafogar a enorme frota de caminhões e carretas que corroem o asfalto e encarece o custo de vida da população? Ah… mais uma vitória do capital monopolista frente ao capital eficiente… seriam muitos caminhoneiros desempregados? Mecânicos e vendedores de caminhões? Mas, a estrada de ferro absorve muito mais mão de obra do que o fator anterior, portanto, haveria trabalho para todos.
Fôlder desenvolvido pela diretoria comercial da RFFSA nos anos 70 . Ele guarda algumas curiosidades. Vemos a SD18 3408 ( atual 5008 - MRS, que recebeu da SPMT a placa comemorativa pelos seus 40 anos em 2001- e ainda está em operação), com um trem de cimento, exatamente na saída do pátio da Cimento Barroso, em Barbacena, MG, localizado no acesso da antiga linha entre Barbacena e Carandaí, pouco depois do início da Variante do Carandaí. O fôlder em nada está desatualizado. Acervo: José Emílio Buzelin. Foto: http://almanaquedarffsa.blogspot.com.br
A grande realidade é que, enquanto estamos lendo este texto, mais e mais o tempo coroe o ferro das linhas e, tudo o que podemos fazer, é mostrar nossa indignação com o descaso de nossos políticos com nossas ferrovias.
Maquinista Clodoaldo
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