segunda-feira, 19 de março de 2012

A quaresma os ferroviários e suas lendas.

LOBISOMEM NOS TRILHOS 


Toda noite de lua cheia é a mesma coisa há quase um século. Começou quando ainda não havia energia elétrica na estação.Os ferroviários já sabiam o que fazer quando chegava a lua cheia.



Como na maioria das vezes ficava só um trabalhador no local, ele enchia o pátio da estação de cruzes de madeira, feito com o material retirado das cercas para espantar um lobisomem que teimava em aparecer por lá.



Quando os trens passavam, passageiros e tripulantes ficavam apavorados, pois o local parecia mal assombrado. Insistente, o lobisomem tentou entrar em casa de um dos ferroviários, no Km 17 da Noroeste, que acordou com o barulho do animal arranhando a porta.



Como não tinha arma, ele arremessou um cruxifixo na direção do bicho, que tropeçou e caiu em uma hortinha que ficava na frente da casa do trabalhador.



O lobisomem teria fugido e nunca mais voltado àquela casa. Mas ele ficou para sempre na memória daquele ferroviário. Afinal, as pimentas que estavam plantadas na horta ficaram doces como mel, em razão do bicho ter tocado nelas.



História publicada, incluindo a ilustração, no encarte Viva Bauru 113 anos, do Jornal da Cidade de Bauru e Região de 01 de agosto de 2009.
http://trensdavida.blogspot.com.br 


5 comentários:

  1. Lobisomem bonzinho esse.Bem diferente dos lobisomens que assombram nossa politica e não deixam nada doce.Glaucio Elias

    ResponderExcluir
  2. Nessa ocasião eram comuns crendices como essa. Interessante a criatividade com que os adultos davam asas a imaginação e traçavam um roteiro para contar suas histórias e, provavelmente, se destacarem entre os amigos, afinal, o importunado seria "o cara", aquele que enfrentou o mau...
    Boa pesquisa, Clodoaldo. Parabéns pelo blog.

    ResponderExcluir
  3. Belíssimo! Reportei-me à infância, à linha de trem uma quadra abaixo de casa, e aquele Vesúvio de fumaça que ficava no ar quando ele passava... Muito agradecida, querido Maquinista por tuas histórias.

    ResponderExcluir
  4. É, me lembrei dos carros DC de madeira da NOB, que corriam no noturno Campo Grande x Corumbá. Os ferroviários diziam que alguns eram assombrados, e nem os camareiros viajavam neles durante a noite!
    Pena que, com os anos, esqueci os números desses carros. Quando viajava em algum deles, já sabia que teria que procurar o camareiro em algum outro ponto do trem!

    ResponderExcluir