Virou moda entre os historiadores nativos chamar a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM) de “a mãe do Estado de Rondônia”. Mãe que de fato ela é. Afinal, foi a partir dessa ferrovia que surgiram os municípios de Porto Velho e Guajará-Mirim, os primeiros desta unidade federativa.
No próximo 1º de agosto, a EFMM completa 100 anos. O acontecimento deve ser motivo de comemoração por todos aqueles verdadeiramente comprometidos com os valores nativos. A construção dessa estrada, que então ligou por trilhos esta cidade com a "Pérola do Mamoré", foi, sem dúvida, a maior epopeia do século 20. Trabalhadores egressos de diversos países vieram construir essa obra, que começou efetivamente em 1909 e foi concluída em 1912.
Na quinta 16/2, foi criado o Comitê em prol da candidatura da lendária ferrovia a Patrimônio Mundial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Cultura, Ciência e Educação), também chamado de Patrimônio da Humanidade . O Brasil já conta com 18 sítios com esse importante título.
Os procedimentos nesse sentido começam pela apresentação da proposta ao governo brasileiro. Este, após analisá-la, decide se a apresenta ou não à UNESCO. Por óbvio, a EFMM possui todas as características que a qualificam para ocupar esse relevante posto.
Contextualizada à época em que foi construída, a obra representa o enfretamento humano às intempéries da floresta, que além de animais selvagens, peçonhentos e índios arredios, expunham os que ousavam enfrentá-la a doenças tropicais debilitantes e até letais, sendo a malária a mais frequente delas. Alguns historiadores definiram essa região como sendo, naquela ocasião, a mais doentia do mundo. Dessas condições inóspitas resultou a morte de muitos a ponto de se propagar a ideia que cada dormente colocado na ferrovia representa uma vida ceifada.
A EFMM tem valor histórico inestimável. Atribuí-la a maternidade do que hoje é o Estado de Rondônia afigura-se como justo por tudo que representa não só pelo esforço para construí-la, mas, mormente, por ser ela a motivadora da existência desta região.
Alçar nossa ferrovia ao patamar de Patrimônio da Humanidade lhe dará maior visibilidade internacional. Com isso, maiores atenção e investimentos em suas restauração e preservação, maior afluxo turístico para nossa cidade, e instalação de novas empresas que saberão que Rondônia é um bom negócio, entre outros bônus.
Esperamos que o governo brasileiro dê a devida atenção a essa questão; que é mais que nativista, mas nacionalista. É importante que nossos políticos, em particular o governador Confúcio Moura, o prefeito Roberto Sobrinho, e nossos deputados e senadores intercedam junto à presidente Dilma e a quem mais for preciso para que nosso pedido tramite com a rapidez possível, seja aprovado e encaminhado à UNESCO. Ainda por parte dessas autoridades, uma campanha deve ser empreendida em relação a representantes de outros países que pertencem a esse prestigioso braço da ONU, para que aprovem esse pedido do Brasil.
A EFMM, por tudo que representa para esta região, para a Brasil e para todos os países que marcaram presença na sua construção, merece o garboso título de Patrimônio da Humanidade. Que se faça justiça.
Por: Viriato Moura
ABANDONO NA LINHA DO TREM
Foto: Dener Giovanini locomotivas abandonadas em Porto Velho/RO
A Estrada de Ferro Madeira-Mamoré – EFMM teve um importante papel na história da Amazônia. Sua construção foi definida no Tratado de Petrópolis, que foi um acordo diplomático com a Bolívia, negociado pelo Barão do Rio Branco em 1903, que tratava da incorporação do Acre, até então um território boliviano, pelo Brasil. No documento, além de pagar ao governo da Bolívia o valor de dois milhões de libras esterlinas, o Brasil se comprometeu a construir a ferrovia, para ajudar no escoamento dos produtos bolivianos pela Amazônia e facilitar a chegada deles ao oceano Atlântico.
Hoje a ferrovia praticamente não existe mais. Suas antigas composições a vapor (que fariam a alegria de muitos museus mundo afora) estão completamente abandonadas nas cercanias da cidade de Porto Velho/RO. Não passam de um monte de ferro apodrecido e abandonado às margens do que um dia foi uma ferrovia. Considerada a segunda obra mais difícil da engenharia mundial, ficando atrás apenas da construção do Canal do Panamá, a EFMM não conseguiu resistir ao descaso com que o Brasil trata alguns dos seus monumentos culturais. Lamentável.
http://www.efmm100anos.wordpress.com
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