terça-feira, 26 de julho de 2011

Ferroeste, Monopólios e o Paraná!

P.S.:


O Paraná precisa construir 1000 km de novas linhas o que daria uns 3 bilhões de reais de investimentos. De Curitiba a Paranaguá, trecho de piores condições para execução da obra, investimento em torno de 500 milhões para fazer os 105 km necessários.

O custo do transporte por ferrovia é da ordem de 30 % menor. Se a ferrovia for pública o repasse do desconto no frete deve ser próximo disso. Distância de Cascavel à Paranaguá - 740 km.
O pedágio rodoviário foi incorporado na planilha do frete ferroviário assim que foram inaugurados. A participação do modal ferroviário na movimentação total das cargas da APPA deve estar na ordem de apenas 30 %.




Há alguns anos o Brasil decidiu privatizar suas concessionárias e estatais em geral (siderúrgicas após um enorme investimento para modernizá-las, por exemplo). O processo foi confuso e alguns geraram escândalos monumentais. Ficamos com pedágios absurdos, menos linhas férreas em operação, serviços precários e apagões. Alguém poderá e será justo dizer: estaríamos melhor em ambiente estatal?...e pessoas nem sempre recomendáveis em cargos importantíssimos levam-nos a pensar: o que será menos ruim?

De qualquer forma algumas estatais foram salvas do turbilhão privatizante, dando-nos a esperança de que tenham sensibilidade total aos interesses do maior acionista delas, o povo que as controla.

O nosso estado é um bom exemplo de tudo o que pode acontecer de bom e de ruim em qualquer cenário.

No Paraná a RFFSA tinha a sua melhor regional, isso não impediu que o Governo federal a privatizasse de uma forma estranha, pois, parece-nos que assim lemos, o patrimônio continua da União e o material operacional, rodante, e alguns imóveis passaram para a ALL, pois o material operacional, rodante, e imóveis foram apenas arrendados por 30 anos. Como fica a manutenção?


Nessa lógica "FernanDina" de privatização o Banco Mundial investiu U$ 240 milhões na ferrovia, antes da privatização da Regional Curitiba, deixando as concessionárias usufruírem da modernização...


Os paranaenses sentiram toda a violência do novo modelo com a necessidade de pagar pedágios absurdos, perdendo os serviços da RFFSA e mantendo mal seu porto em Paranaguá. Ou seja, o lado ruim de tudo.


O debate volta aos poucos em torno da Ferroeste. Qual é a situação real dessa empresa estatal? Pode investir, melhorar seus serviços? O que foi feito nas gestões anteriores e atual de bom ou mal? Parece que enquanto isso os produtores de soja deixam de ganhar um dólar por saca de soja se ela fosse trazida do oeste do estado para o litoral em composições ferroviárias. Qual é a produção exportada? Isso significa quanto de perdas? O IBGE prevê uma safra em torno de 13 milhões de toneladas de soja no Paraná (sacas de 60 kg), fora outros cereais, ou seja, admitindo que 70% seja exportado só por aí o estado onera o produtor em 150 milhões de dólares por ano....

...Vemos o tempo passando e, aliás, em ferrovias podemos nos orgulhar de atos distantes e erros incríveis, que inviabilizaram o projeto de meio século atrás para o novo trecho entre Curitiba e Paranaguá (executado parcialmente). De 1995 para cá, contudo, a história ficou travada ou regredindo.

Discussões exotéricas podem voltar. Podemos alugar trilhos? Vamos mudar o modelo institucional? O drama é a perda de nossos trabalhadores rurais (empresários e operários) que todo ano deixam de ganhar recursos para novos investimentos ou, entre outras coisas, simples lazer porque gastam demais com o transporte do que produzem.
Vale sempre a provocação: se para um mês de Copa do Mundo de 2014 vale tanto esforço, por quê não pensarmos mais e melhor sobre a infraestrutura estadual?...
 ...O Paraná perdeu muito esperando soluções propostas e até iniciadas (inconclusas) há décadas. Da duplicação da rodovia para São Paulo ao programa de transportes ferroviários, estamos comendo poeira de muitos estados mais hábeis política e administrativamente.

Acorda Paraná! #Ferrovias já!
Por: Eng. João Carlos Cascaes
Ex-Presidente da COPEL-PR 











4 comentários:

  1. Amigo Clodoaldo.
    Infelizmente não temos mais governantes estadistas. Nossos politicos, mais preocupados com questões paroquiais, eleições e reeleições, são incompetentes para pensar e planejar estrategicamente. Países sérios são preocupados com suas ferrovias, principalmente com a matriz de energia fóssil se exaurindo. O transporte ferroviário é vital para a nação, pois é o mais barato e mais econômico para o transporte de grandes volumes e passageiros.
    Grande abraço e continue nessa cruzada caro amigo, estamos ao seu lado.
    @clovis_s

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  2. Não há a menor dúvida que o transporte ferroviário é mais barato que o rodoviário. Fico impressionado com a diferença de apenas 30% a menos que vem sendo divulgada. Nos cálculos feitos pelas ferrovias o custo do transporte pela ferrovia é pelo menos 4 vezes menor que o transporte rodoviário, atingindo em transportes de grandes volumes, como os minérios, 7 e até 10 vezes menor. Mas o grande problema que o Brasil tem que enfrentar é a idade das suas ferrovias que, com raríssimas exceções, foram todas projetadas e construídas nos anos de 1800, há praticamente dois séculos passado. Nessa época, os conceitos eram completamente diferentes e como não foram feitos investimentos e melhorias, os traçados estão completamente ultrapassados. Fazem a ligação de centro de cidades a centro de cidades, o que é totalmente incompatível com as necessidades de transporte entre regiões, que é o que o Brasil precisa hoje. É só ver como são as nossas modernas rodovias. Todas passam fora das cidades. As velocidades diretrizes daquela época eram compatíveis com os equipamentos e a capacidade de construção que existiam; por isso os raios de curva eram muito pequenos e as rampas muito fortes. As poucas ferrovias que foram construídas já nos tempos do chamado Governo Militar (década de 1970), foram feitas sem passar dentro de cidades, com raio de curva mínimo de 960m, rampa máxima compensada de 1,5% e velocidade diretriz de 120 km/hora. No caso da Ferrovia do Aço, deve-se salientar que ela transpõe a serra da Mantiqueira e a serra do Mar mantendo essas características técnicas. Outra condição que deve ser revista, já que temos que construir outras ferrovias, é a questão das bitolas. Não podemos ficar com duas ou mais bitolas. Em todos os países que teem o transporte ferroviário como principal meio de transporte, as bitolas foram unificadas há mais de 130 anos. Como aqui no Brasil uma das duas principais bitolas que temos é a de 1.60m, entendo que ela deve ser usada nos novos troncos ferroviários. Aliás, já é assim que estão sendo construídas as ligações do Sul e do Sudeste com o Norte, o Oeste e o Nordeste.
    João Bosco Amarante de Oliveira

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  3. MUITO OBRIGADO AO CLOVIS E JOÃO BOSCO PELOS EXCELENTES COMENTÁRIOS, QUE SÓ VEM A ENCORPAR O ARTIGO POSTADO NO BLOG.

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  4. Se confiscarem os bens do Cachoeira já ajuda muito.Glaucio Elias

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