Nome e Apelido
Era um Engenheiro muito criativo. Encontrava
soluções para problemas, inventava equipamentos,
adaptava máquinas para facilitar o trabalho e para
aumentar a produtividade.
Fizera, por exemplo, adaptações em um aparelho de
mudança de via que fez sucesso entre seus colegas da Via
Permanente. Ficou uma maravilha.
Sua obra prima, porém, foi a construção de um auto
de linha, projeto seu, há muito tempo sonhado. Aproveitou
o motor de um automóvel avariado, adaptou umas peças
de sucata, confeccionou outras na oficina da Residência
e o auto ficou prontinho e acabado. Pintado com esmero,
parecia até recém-chegado do estrangeiro, coisa tão boa só
mesmo importada.
Depois de testá-lo na linha, seu inventor e
construtor aproveitou a primeira viagem que fez à sede do
Departamento da Via Permanente para falar sobre o auto
com seu Chefe:
- Como o senhor sabe, o auto de linha que a gente
construiu está pronto. Ficou muito bom, modéstia à parte.
Gostaria, agora, que o senhor sugerisse um nome para
batizá-lo.
O Chefe do Departamento, rabujento e irreverente,
pensou um pouco, coçou a cabeça e respondeu:
- Olhe aqui, coloque AUTO-BOSTA...
O criador do veículo levou um susto, surpreendido
com o que o Chefe acabara de lhe dizer. Refez-se, porém,
e como era também meio irreverente, devolveu a gozação
na mesma moeda:
- É Chefe, AUTO-BOSTA fica bom para o apelido.
O nome, porém, vai ser o do senhor...
Apelo ao Presidente
Existem algumas ocorrências que, em si mesmo,
não têm nada de engraçado. A forma, porém, com a
qual foram registradas, dá-lhes um aspecto pitoresco,
hilariante.
Este por exemplo, é um caso concreto, real.
Trata-se de uma carta que um ferroviário endereçou
ao Sr. Presidente da República.
Ei-la, reproduzida integralmente, na forma como
foi escrita:
“Satuba, Alagoas, 08 de fevereiro de 1973.
Sr. Presidente,
DECLARAÇÃO
Declaro para os devidos fins, que eu, José da Silva,
peço minha aposentadoria da REDE F.S.A., que
já mandei pedir minha aposentadoria e eles não
mandaram e ninguém querem mandar, porque
já vou completar 30 anos de serviço no dia 15 de
março, do mês vindouro de 1974, também nunca tive
direito a licença Prêmio, eu agora me acho doente
dos nervos, e venho trabalhando diariamente sem
poder de forma alguma, isso tudo só posso reclamar
ao Sr. Presidente, já vai completar três anos que
estou no INPS, com o nível 03, matrícula n°..., quero
que V. Excia. tome esta providência sobre minha
aposentadoria, que eu não posso mais trabalhar,
estou com estado de nervo tão grande que entrei no
INPS, no dia 05 de maio de 1970, Sr. Presidente, tive
que relatar toda minha vida a V. Excia; assim como
Ferroviário Federal nada mais tenho a dizer-te sobre
minha modesta parte.
Muito grátis.
João Ferreira Silva
REDE F. S. A.”
Não se sabe se a carta resolveu o problema do João,
mas que sua forma pitoresca de escrevê-la fez sucesso, isso
não se tem dúvida.
Por: Victor José Ferreira do Livro: ESTÓRIAS DO TREM - Uma viagem no folclore ferroviário.
muito bom!!! Adorei! Mesmo tendo um blog de humor eu me interesso muito por estórias como essas e esses tipos de "causos". Eles são verdadeiros ou foram inventados? Parabéns
ResponderExcluirMeio verdade meio estórias... Rs.rs.rs.
ResponderExcluirO livro do Prof. Victor de onde foram tiradas essas estórias, encontra-se à venda em: http://www.livrariascuritiba.com.br/estorias-do-trem-aut-catarinense,product,LV239099,3390.aspx
ResponderExcluirVale a pena.