terça-feira, 19 de julho de 2011

Qual a utilidade de uma Ferrovia no Pais das Bananas?


Ministério Público Federal diz que país já perdeu R$ 40 bilhões com malha ferroviária largada após privatização.
Instituição afirma que 16 mil quilômetros de ferrovias foram desprezados e pede investigação ao TCU.
O ex-mascate Marino Soffiati, 47, precisou de tempo para entender como 360 metros de trilhos desapareceram numa madrugada. Parado sobre o talude de brita vazio, onde um dia repousou o quilômetro 221 da estrada de ferro Cajati-Santos, Soffiati avistara apenas as marcas do maçarico no chão.
Uma quadrilha muito bem entrosada retalhou e furtou 16 toneladas de trilhos naquela madrugada chuvosa.
Três anos depois, o hiato no ramal ferroviário Cajati-Santos é um entre vários no trecho de 250 quilômetros de ferrovia abandonada, hoje sob os auspícios da ALL (América Latina Logística).
O trecho, por onde circulavam minério e gente, como o ex-mascate Soffiati, é apenas mais um retrato do completo abandono de 16.000 quilômetros de ferrovia no território nacional, um problema que só se agrava.
A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) diz que dois terços das ferrovias do Brasil estão subutilizados ou abandonados. Nesta semana, a agência divulgará relatório indicando onde estão os 5.760 quilômetros concedidos, mas ignorados.
O Grupo de Transporte do MPF (Ministério Público Federal) estima que essa situação tenha produzido um prejuízo de R$ 40 bilhões ao patrimônio público do país. É essa cifra o tamanho do esforço que o país precisará fazer para construir o primeiro trem-bala brasileiro, entre Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, negócio sob ameaça.
O caso do abandono das ferrovias está agora nas mãos do TCU (Tribunal de Contas da União). O MPF pediu ao órgão investigação sobre os contratos de concessão e o que chama de “dilapidação do patrimônio público”. O primeiro contrato que será visto é o maior, o da ALL.
A meta do MPF é exigir que todas as concessões sejam reavaliadas pelo tribunal.
“Começamos pelo contrato da ALL, mas o objetivo é que a investigação alcance todas as concessões feitas entre 1996 e 1998″, diz Thiago Lacerda Lopes, procurador e coordenador do Grupo de Transporte do MPF.
A ANTT diz que o contrato é “frouxo” tanto para impor metas quanto para obrigar a ativação de trechos.

Foto: Caio Guatelli/Folhapress
Catador de banana atravessaa estrada de ferro abandonada Cajati-Santos em Itariri, litoral sul do Estado de São Paulo.

DESTRUIÇÃO
O direito de arbitrar sobre qual trecho explorar condenou ramais considerados pouco atrativos. A situação se agravou com o abandono, o que gerou um problema social espalhado pela faixa de domínio hoje sem mando.
Em Itanhaém (SP), o mato, o furto e a ocupação irregular proliferam.
A paragem do bairro Cibratel é agora o lar de Maria de Lourdes. Pela antiga estação, ela pagou R$ 17.000 a um ex-funcionário da Fepasa. “Era tudo o que tinha.”
O produtor de banana Marcos Ribeiro, 36, critica o desleixo. O plantio ilegal da fruta domina a ferrovia e atrapalha seu negócio.
Há anos, a área virou alvo de saqueadores. Gente que busca o ferro dos trilhos, a madeira dos dormentes e os cabos do velho telégrafo.
A estrada de ferro que um dia transportou o agricultor Ribeiro, a dona de casa Maria de Lourdes e o mascate Soffiati perece no tempo.

Por:AGNALDO BRITO






4 comentários:

  1. Lamentavel!Mas isso só ocorre porque os governos tem um conluio com as empresas.Afinal,são elas que financiam as campanhas dos politicos.Glaucio Elias

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  2. Essa situação só melhorará quando tivermos governantes verdadeiramente estadistas. Pelo visto, as empresas, como a ALL, devem ter como acionistas majoritários donos de transportadoras.
    @clovis_s

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  3. Caro Clovis falou tudo P. Bernardos da vida = All

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  4. Um absurdo o descaso dos nossos governantes e principalmente da ALL para com o Ramal Ferroviário que liga Santos à Cajati, é inaceitável o que fizeram com este importante trecho ferroviário do litoral sul e vale do ribeira. E agora fala-se em uma nova reunião???
    Meu Deus, e as tantas outras reuniões que já aconteceram, não valeram nada ??? Eu mesmo perdi as contas do números de reuniões que foram feitas.Toda população do litoral sul e vale do ribeira querem saber, “cadê o crônograma que foi elaborado pela ALL para a recuperação do ramal”??? Acabaram com o trem de passageiros, que era ecônomico, barato e extremamente seguro, fazendo com o que as rodovias ficassem hiper congestionadas e consequentemente o aumento do índice de acidentes. De 4 em 4 anos, quando acontecem eleições, os nossos maus governantes sempre voltam para as cidades onde o trem passava em busca de votos, tô certo, né ??? A população que foi a maior prejudicada com a extinção dos trens de passageiros, deveria abrir os olhos nas próximas eleições, afinal cada cidadão tem o político que merece.Estão brincando demais com o nosso patrimônio público, afinal a ferrovia Santos e Cajatí é uma ligação férrea centenária, histórica e todos nós moradores das cidades do litoral sul e vale do ribeira, temos a obrigação de lutar para a manter esta estrada de ferro viva, independente de voltar o passageiro ou o trem de carga. Nossos governantes e principalmente a operadora ALL, precisam entender de uma vez por todas que o Brasil TREM jeito !!! Salvem o Ramal Santos Cajati.

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