quinta-feira, 15 de outubro de 2015

A locomotiva da SPR salva da morte.

A função da história é nos tornar atentos aos acontecimentos analisá-los e termos uma noção do que esta se passando. Uma nação cuja história não é valorizada e dada o seu devido valor esta sujeita a se perder no tempo. 

Depois da “Baronesa”, que foi a pioneira das locomotivas brasileiras, pois inaugurou a primeira estrada de ferro do país, em 1854, acredita-se que a locomotiva de n° “15”, da “SPR” Estrada de Ferro Santos a Jundiaí, seja a mais antiga.

Foto extraída do livro Brazilian railroads


Quando de sua importação da Inglaterra, fazendo parte do primeiro lote de locomotivas adquiridas para o início das atividades da ferrovia, então conhecida por “Inglesa”, recebeu o nome de locomotiva “Rio Claro”, e só mais tarde ficou conhecida como “15”, devido ao desaparecimento paulatino de suas demais congêneres. Suas características são as seguintes: classe 4-4-0, fabricada por Sharp Stewart & Co, no ano de 1862; capacidade de tração: 85% (5.180 Kg); pressão de caldeira: 160 libras; diâmetro das rodas guias 838 e moariz 1.549 cilindros: 2 grelhas simples; peso jogo guias 10.920 Kg; aderente 24.540 Kg; freio manual, mais tarde adaptado a vácuo.

Por ocasião do centenário da E.F.S.J., a 16 de fevereiro de 1967, foi realizada uma mostra ferroviária, daí ser apurado que na abertura da linha entre Santos e Jundiaí, 20 locomotivas foram importadas são Elas: “Pioneer” n° “0”, “Interprise” n° “1”, “Santista” n° “2”, “Ipiranga” n° “3”, “Campineira” n° “4”, “Imperador” n° “5”, “Paulista” n° “6”, “Imperatriz” n° “7”, “Princesa Imperial” n° “8”, “Piassaguera” n° “9”, “Jundiaí” n° “10”, “Tietê” n° “11”, “Paranapiacaba” n° “12”, “Brasil” n° “13”, “Piratininga” n° “14”, “Rio Claro” n° “15”, “Limeira” n° “16”, “Rio Grande” n° “17”, “Conde D’Eu” n° “18”, “Juqueri” n° “19” e “Tamanduateí” n° “20”.

Cartão Telefônico - Série: Locomotivas - Locomotiva 15


A locomotiva “Pioneer” foi a primeira a chegar e passou a servir nas manobras, entre o cais e o pátio, da futura estação de Santos, e as demais foram importadas durante a construção da estrada de ferro “SPR”, exceção da “Juqueri” e “Tamanduateí”, que somente chegaram a Santos em 1877. Desse lote, três locomotivas foram atiradas ao mangue pelas fortes enxurradas provenientes das chuvas torrenciais que caíram na época da construção do aterrado de Cubatão, entre 6 e 8 de janeiro de 1863, sabendo-se, porém, que foram recuperadas após exaustivos trabalhos.

A máquina N° 15 foi a primeira locomotiva a percorrer o trecho Santos – Jundiaí.
Fabricada em 1862 pela Sharp Stewart & Co, tracionava o carro do Imperador D. Pedro II. Foto http://www.ribeiraopires.fot.br/

A locomotiva “Rio Claro” n° “15”, é exatamente igual às denominadas “Limeira”, “Rio Grande” e “Conde D’Eu”, e foram utilizadas no serviço de cargas. Não tinha “Tênder”, mas tinha no lugar uma gôndola (carro de roça), tendo movimentado trens de carga e passageiros até a duplicação da linha em 1901, quando então foi transferida para os serviços de manobras, entre Paranapiacaba e Jundiaí. Prestou serviços até a eletrificação da estrada de ferro, em 1951, ou seja, durante 90 anos, e fatalmente seria desmantelada em 1927, juntamente som suas coirmãs “Rio Grande”, “Conde D’EU” e “Juqueri, não fosse a intensificação do tráfego de cargas ter exigido esforço e recuperação, além de cooperação em larga escala de todo o material rodante. Assim é que, após rigoroso exame, as locomotivas já “condenadas” tiveram suas falhas e defeitos corrigidos, voltando à atividade, menos a locomotiva n° 15 que havia sido oculta num barracão, pois ainda não havia cessado a ameaça de ser transformada em sucata. Meses mais tarde, a estrada de ferro passou a receber novas e modernas locomotivas encomendadas da Inglaterra, e as velhas máquinas sofreram a “pena capital”,  enquanto a locomotiva nº 15, deixando seu “esconderijo” passou por novas reformas  e voltou a tráfego ativo, somente sendo “aposentada” a partir da época da eletrificação, em 1951. Com 111 anos de vida, apenas 10 anos mais moça que a Baronesa” (esta construída na Inglaterra em 1852), a locomotiva n° “15”  é hoje um patrimônio inestimável.

Obs: Hoje está Senhora de 153 anos , descansa em maus lençóis no Museu ferroviário "Funicular" em Paranapiacaba.

Artigo de Laís Costa Velho, extraído da revista Correio dos Ferroviários de dezembro de 1973, escrita e artigo igual ao original.

6 comentários:

  1. O artigo é interessante, não fosse o fato que quem o escreveu (Laís Costa Velho, extraído da revista Correio dos Ferroviários de dezembro de 1973) não fosse traída pelo monte de renumerações e reformas que a SPR fez. A "15" originalmente é a "2" da SPR, uma Sharp Stewart de 1862 (S/N 1352) e que originalmente era uma 2-4-0T. Foi convertida para 4-4-0T no começo do século XX. O nome dela era "Santista". "Rio Claro" era outra locomotiva, uma Avonside 0-6-0 (de 1868), reconfigurada pela SPR como 2-6-0ST, que era a "15" original.

    ResponderExcluir
  2. Quando eu colecionava cartões telefônicos eu tinha esse, vou ver se acho.
    https://www.facebook.com/vanessa.prichla

    ResponderExcluir
  3. Bela história, pena o Brasil não valorizar suas memórias, há grande número de equipamentos e trechos ferroviarios se decompondo por nossos estados sem a mínima atenção do governo, a esperança é q um dia valorizem mais esse nosso mundo ferroviário!

    ResponderExcluir
  4. Ótima história em que pese o contraditório apontado por
    Thomas Corrêa.

    ResponderExcluir